A abstenção pode fazer diferença no resultado de domingo? Veja o que história tem a mostrar
Com a disputa deste 2º turno mais acirrada que o esperado, entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL), todos os olhos se voltaram para o impacto do não comparecimento dos eleitores as urnas.
Inúmeros jornalistas, analistas e “cracudos de política” passaram as últimas três semanas dissecando de maneira exaustiva a abstenção no 2º turno das eleições. Falou-se sobre como em estados sem 2º turno para governador levaria a um baixo comparecimento; apontaram que a falta de transporte público poderia deprimir o número de eleitores; vislumbrou-se que o feriado de finados, no dia 02/11, poderia elevar a abstenção, já que muitos viajariam para aproveitar o feriadão e até a finalíssima da Libertadores da América entre Flamengo e Athletico Paranaense, na véspera das eleições, foi apontado como um fator, por conta da viagem de torcedores/eleitores para o Equador.
A história mostra: a abstenção no 1º e 2º turno das eleições presidenciais tem se alinhado
Apesar do enfoque das campanhas presidenciais em levar eleitores as urnas, de prefeitos e governadores terem garantido passe livre nos transportes públicos e de publicações, como a PODER 360, terem feito matérias demonstrando que apenas uma abstenção monstruosa faria diferença na eleição presidencial, muitos ainda se encontram tensos com o assunto. Entretanto, os últimos três ciclos de eleições presidenciais oferecem uma informação contra intuitiva: a diferença entre as abstenções de primeiro e segundo turno estão em queda.
ANO DA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL | ABSTENÇÃO 1º TURNO | ABSTENÇÃO 2º TURNO | DIFERENÇA |
2010 | 18,12% | 21,47% | 3,35 |
2014 | 19,39% | 21,1% | 1,71 |
2018 | 20,33% | 21,3% | 0,97 |
2022 | 20,95% | ??? | ??? |
Na tabela acima, com dados do Tribunal Superior Eleitoral sobre a abstenção de 2010 a 2022, é possível verificar que apesar do aumento do não comparecimento nas urnas, a diferença entre abstenções de primeiro e segundo turno tem caído em torno de 50% de um ciclo para o outro.
Caso a história venha a se repetir, e é possível que se repita, a diferença entre as abstenções do primeiro e segundo turno de 2022 ficará entre 0,4 a 0,6. Dentro desta hipótese, o que teríamos seria um comparecimento de eleitores muito parecido em ambos os turnos, não impactando de maneira concreta o potencial eleitoral de nenhum dos dois candidatos. Contudo, a história já pregou peças naqueles que tentam extrapolar seus ciclos para fazerem previsões.