O que votos no exterior dizem sobre o resultado da eleição?

Blog
Filigrana
Categoria
Eleições Presidenciais
Data de publicação
02 Oct 2022
Autor
Pedro Menezes

Muita gente está ansiosa pelo resultado da eleição presidencial. Hoje, as redes sociais foram inundadas por boletins de urna de diversos países. Lulistas comemoram. O candidato do PT parece ter um bom desempenho. O que isso significa? Busquei os dados das últimas eleições no CEPESP e…

Em 2010, José Serra foi o mais votado do 1º turno, com 40% dos votos. No 2º turno, o tucano venceu Dilma no exterior por 59% a 41%. O resultado geral deu 56% para Dilma e 44% para Serra – 15 pontos percentuais de diferença!

Em 2014, Dilma foi a terceira colocada no 1º turno entre os brasileiros que moram fora. A petista teve 23% dos votos, Marina recebeu 26% e Aécio liderou com folga: 50% dos votos. No 2º turno, o tucano venceu por 77% a 23%.

Em 2018, Bolsonaro teve 59% dos votos e seria eleito em 1º turno se os votos viessem apenas de brasileiros que moram fora. Fernando Haddad teve meros 10% dos votos. Ou seja, o petista teve um terço do percentual de votos registrado no Brasil. No segundo turno, Jair venceu por 71% a 29%.

O resultado no exterior não tem sido muito eficaz para prever o vencedor. Em geral, o padrão de votação parece ser similar ao dos eleitores de alta renda. O petismo não tinha muita popularidade, até que…

Em 2022, um número recorde de brasileiros se registrou para votar. São 700 mil pessoas, um aumento de 40% em relação a 2018. Na comparação com 2014, o número de eleitores dobrou.

Uma eventual liderança de Lula entre esses votos diz pouco sobre o resultado final. Por outro lado, seria uma exceção à regra: por aqui, todas as pesquisas indicam que Bolsonaro vence entre os mais ricos. A divergência em relação às votações no exterior é curiosa.

No governo Bolsonaro, muito se fala sobre a imagem do Brasil no exterior. Será que isso explica a divergência entre os votos de imigrantes brasileiros e ricos brasileiros? Talvez a explicação seja outra: Bolsonaro mobilizou pessoas que antes não votavam? Seria fruto da “fuga de cérebros” tão falada nos últimos anos?

São hipóteses plausíveis. Em breve, teremos mais dados para discutir o assunto.