Pesquisa ATLAS/CNN: Lula e Bolsonaro começam a receber o famoso “voto útil”

Desde o início de setembro o ambiente político tem gravitado em volta de um único assunto: voto estratégico. O ex-presidente Lula, candidato do PT, tem feito pedidos implícitos e explícitos pelo voto de eleitores de outros candidatos. Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), ambos na parte de baixo da disputa eleitoral, lutam para evitar a erosão de seu eleitorado, resistindo com os poucos recursos que restam-lhe, em seu já combalido arsenal para manter aglutinado os seus respectivos grupos de eleitores.

Passadas algumas semanas em que esse tema foi insistentemente analisado e discutido por pela mídia e pelos próprios candidatos e suas campanhas, será que já temos sinais de voto estratégico? E quanto o ex-presidente foi beneficiado pela transferência do eleitorado?

A pesquisa do instituto Atlas Intel, apurada entre os dias 22 a 26 de setembro e publicada no dia 27 deste mesmo mês, respondeu a essas perguntas. Contudo, uma das respostas seguiu o caminho óbvio, enquanto a segunda apresenta uma constatação menos previsível.

1ª resposta: O voto útil começa a aparecer

Tanto o presidenciável pedetista, quanto a concorrente emedebista estão vendo um “desabamento” de suas intenções de voto. Ciro Gomes, que estava com 6,3% na rodada anterior da pesquisa, foi a 3,5% das intenções de voto. Já Simone Tebet caiu dos 4% para 2,1%. Ambos perderam quase metade de seus eleitores de acordo com a pesquisa.

Tal movimento do eleitorado é usual e esperado na última semana do pleito eleitoral. A gravidade eleitoral dos líderes inevitavelmente “suga” o eleitorado dos candidatos “menores”. Exemplos desse fenômeno não faltam. Mas para ficar naqueles historicamente recentes, podemos citar o caso de Marina Silva e Geraldo Alckmin em 2018. Tanto o ex-governador de São Paulo, quanto a ex-ministra do meio ambiente começaram o pleito com patamares competitivos, mas, dia após dia, viram o seu eleitorado sendo drenado por candidatos eleitoralmente mais viáveis.

2ª resposta: Bolsonaro começa a se beneficiar do voto útil

De acordo com a pesquisa Atlas Intel, o candidato que absorveu os votos perdidos por Tebet e Ciro foi o presidente Jair Messias Bolsonaro que saiu de 38,6% para 41%. Lula permaneceu parado com 48,3%. Apesar de parecer a princípio surpreendente, tal movimento não é inesperado. Eleitores classificados como “bolsonaristas arrependidos” que apresentam viés anti-petista “voltaram para casa”. Por que isso está acontecendo? Com a a alta possibilidade da vitória de Lula no 1º turno, é natural que esses eleitores migrem para o Bolsonaro na tentativa de evitar o que aparenta ser inevitável.

Entretanto, Lula ainda está numa posição confortável. Convertendo a intenção de votos totais para votos válidos, Lula está com 49% e Bolsonaro com 42%. O ex-presidente petista precisa de muito pouco para “fechar a fatura” no primeiro turno. E na hipótese de segundo turno, o líder petista parte de uma intenção de votos muito alta.