Pesquisa Atlas – Prefeitura de Belo Horizonte: Engler cai, mas mantém a liderança; cinco candidatos disputam vaga no 2º turno
A última pesquisa Atlas para a Prefeitura de Belo Horizonte, divulgada nesta segunda (23/09), mostra Bruno Engler (PL) se mantendo na liderança com 25,2% das intenções de voto, apesar de uma de queda de 4pp desde a pesquisa divulgada em 08/08. No entanto, o cenário está bastante acirrado com uma queda relevante de 7pp de Rogério Correia (PT), que foi a 10%, e a ascensão de quatro candidatos na busca pelo acesso ao 2º turno: Mauro Tramonte (15%), Gabriel (14,4%), Duda Salabert (13,7%) e Fuad Noman (13,5%).
Dinâmicas eleitorais em Belo Horizonte
Há em Belo Horizonte uma dinâmica dupla: em primeiro lugar, o bolsonarismo está solidificado em torno da candidatura de Bruno Engler. Isso significa um espaço mais reduzido para, por exemplo, Carlos Viana (Podemos). Bruno Engler obteve 635 mil votos em 2022 para deputado estadual, batendo o recorde anteriormente pertencente a Mauro Tramonte. A título de comparação, Romeu Zema teve 655 mil votos na eleição para governador de Minas Gerais no mesmo ano, enquanto Jair Bolsonaro teve 699 mil votos no 1º turno e 834 mil votos no 2º turno em 2022. Esse histórico ilustra o tamanho do bolsonarismo em Belo Horizonte, onde Jair Bolsonaro saiu vitorioso na última eleição presidencial, com 54% dos votos (Lula obteve 46%) e o quanto Bruno Engler tem conseguido assegurar para si a maior parte desse eleitor.
Em segundo lugar, há uma fragmentação da centro-esquerda à centro-direita na capital mineira em volta de cinco candidaturas. A esquerda petista e não-petista se divide entre Rogério Correia e Duda Salabert, enquanto eleitores de centro se dividem entre as candidaturas de Gabriel e Fuad Noman. Mauro Tramonte, por sua vez, consegue avançar em cima do eleitorado de direita não-bolsonarista na cidade.
A tabela abaixo ilustra a fragmentação do eleitorado que votou em Lula em 2022 e a solidez que Engler logra com o eleitorado que havia votado em Jair Bolsonaro na eleição presidencial daquele ano em Belo Horizonte. Nenhum dos candidatos da esquerda – Correia ou Salabert – tem sido capazes de reunirem uma parcela majoritária do eleitorado de Lula na cidade, enquanto Engler consegue quase 60% do eleitorado de Bolsonaro. Políticos centristas ou até com inclinações à direita, como Gabriel, Fuad e Tramonte conseguem dialogar com bases à direita e à esquerda e atrair parcelas não triviais desses eleitores, justificando seu desempenho competitivo.
Já a queda de 4pp Bruno Engler também pode ser visualizada abaixo quando observamos que há um vazamento de votos do eleitorado de direita não-bolsonarista para outros candidatos: Tramonte e Gabriel conseguem, cada um, cerca de 15%, enquanto Fuad atrai cerca de 8% desse eleitor que, contra Lula, havia preferido Bolsonaro no 2º turno de 2022, mas que não necessariamente são bolsonaristas.
Voto presidente – 2º turno 2022 | ||
Jair Bolsonaro | Lula | |
Bruno Engler | 57,9% | 0% |
Mauro Tramonte | 15,1% | 15,5% |
Gabriel | 14,5% | 11,3% |
Duda Salabert | 1,1% | 25,3% |
Fuad Noman | 7,6% | 19,5% |
Rogério Correia | 0% | 20,3% |
Carlos Viana | 1,9% | 0,3% |
O início do período de campanha também marca um ponto importante de inflexão na corrida da capital mineira. Os debates televisionados e a campanha na TV e rádio, além do aumento dos anúncios em redes sociais, tiveram um papel relevante na apresentação dos candidatos ao eleitorado e na acomodação das intenções de voto. Com um desempenho aquém do que a esquerda esperava em sua campanha, Rogério Correia viu seu apoio minguar diante de um cenário eleitoral com tantas alternativas para o eleitor. Por outro lado, Tramonte, Gabriel, Salabert e o atual prefeito Fuad Noman souberam capitalizar em cima da indecisão do eleitorado, apresentaram suas credenciais de maneira mais efetiva e convincente e cresceram nas intenções de voto.
No pelotão de baixo, os cinco candidatos têm agora pouco menos de duas semanas para buscarem se diferenciar e se destacar uns dos outros em meio à fragmentação do eleitorado, buscando atrair para si os votos que hoje estão inclinados para seus rivais. Na liderança, Bruno Engler precisará conter o vazamento de votos através do diálogo com o eleitorado de direita não-bolsonarista, buscando se equilibrar entre acenos simultâneos à base bolsonarista e aos moderados sem que um comprometa o outro.
Metodologia
A pesquisa contou com 1.598 respondentes entre 17 e 22 de setembro de 2024, com registro MG-06581/2024 no TSE. Os dados foram coletados via web com a metodologia proprietária RDR da AtlasIntel. A margem de erro é de ± 2p.p. com um nível de confiança de 95%.