Pesquisa Atlas: Prefeitura de São Paulo – Marçal cai, reacendendo disputa por um lugar no segundo turno
Na última pesquisa AtlasIntel para a Prefeitura de São Paulo, publicada em 23 de setembro, Guilherme Boulos, do PSOL, segue na liderança, com 28,3% das intenções de voto; o prefeito Ricardo Nunes (MDB), tem 20,9%; Tabata Amaral (PSB) tem 10,8%; e José Luiz Datena (PSDB), 6,9%. Todos tiveram variações mínimas, de alguns pontos percentuais, dentro da margem de erro da pesquisa. Seria um cenário de estabilidade, não fosse por uma quebra notável: Pablo Marçal (PRTB), que registrou uma ascensão meteórica de 13 pontos percentuais entre o início de agosto e meados de setembro, teve agora uma queda, de 24% para 20,9%, empatando com o atual prefeito.
Parte disso certamente se deve às tribulações do próprio Marçal, que parece ter encontrado os limites de sua estratégia original. Nos dias seguintes à “cadeirada” que o candidato sofreu durante o debate na TV Cultura, o clímax de sua postura provocadora, sua campanha apostou nas imagens de Marçal no hospital e com uma tipoia no braço. Porém, em vez de conquistar a simpatia do eleitorado, o esforço foi amplamente ridicularizado. Mais do que isso – ao comparar a agressão à facada que Jair Bolsonaro sofreu em 2018, Marçal piorou sua situação com a base bolsonarista, que já se via dividida por críticas ao candidato vindas de figuras como o os filhos do ex-presidente e o pastor Silas Malafaia.
As complicações de Marçal com a própria base deram fôlego para Boulos e Nunes reforçarem suas posições com as respectivas bases. Ambos vinham registrando uma tendência de queda desde o início de agosto e agora parecem ter se estabilizado. Porém, vale a pena apontar que os eleitores que abandonaram Marçal na pesquisa mais recente não se comprometeram com alternativas: a única opção que cresceu concomitantemente à queda do candidato do PRTB foi “Branco/nulo/não sei”. Esse movimento pode facilmente representar apenas um afastamento momentâneo de Marçal em um ponto turbulento para sua campanha.
Inclusive, o destino desses indecisos pode ser crucial para o cenário que veremos no dia 6 de outubro. Mantendo-se o cenário das últimas pesquisas – Boulos na liderança, com Nunes e Marçal disputando o segundo lugar – a diferença entre Marçal e Nunes será decisiva para possíveis votos úteis de última hora. Às vésperas da eleição, um cenário com os dois empatados ou Marçal ligeiramente à frente aumentaria as chances de eleitores de Tabata ou Datena migrarem para Nunes na esperança de barrar do segundo turno o candidato visto como mais radical. Um cenário em que Marçal recupera os votos que perdeu e volta a abrir vantagem sobre Nunes na reta final teria o efeito oposto, com uma debandada dos apoiadores do prefeito.
Em relação aos segundos turnos possíveis, depois de chegar a uma desvantagem de 7 pontos contra Nunes na pesquisa AtlasIntel de 11 de setembro, Boulos ultrapassou o prefeito, crescendo de 39% para 41,7% enquanto Nunes caiu para 39,5%. O cenário praticamente retornou ao ponto pré-Marçal: na pesquisa AtlasIntel de 8 de agosto, logo antes da “estreia” de Marçal na campanha no debate organizado pela Band, Nunes e Boulos apareciam empatados com 42% das intenções de voto cada. A turbulência que o candidato do PRTB criou na relação de Nunes com o eleitorado de direita e os esforços do prefeito para se reaproximar desse público, afastando-se do centro, podem acabar por prejudicá-lo nesse embate.
Marçal, por sua vez, enfrenta seus próprios problemas. Sua trajetória ascendente nas últimas pesquisas oferecia um grau de legitimidade – ou, talvez, inevitabilidade – ao candidato, o viabilizando no segundo turno. Porém, com a interrupção desse crescimento, os obstáculos se tornam visíveis. No cenário em que enfrenta Boulos, após empatar com o psolista na pesquisa AtlasIntel de 11 de setembro, Marçal teve uma queda de 4,5pp, vendo se abrir uma desvantagem de 6pp. Contra Nunes, um cenário mais improvável, o candidato do PRTB perde por quase 20pp, 47,5% x 28%. Dadas as acusações ferozes de Marçal a todos os outros candidatos em diferentes momentos, ele terá dificuldade em construir a rede de apoio que precisaria para ganhar um eventual segundo turno. Contra um candidato com alta rejeição e sem a máquina da Prefeitura como Boulos, a vitória ainda seria possível, mas exigiria trabalho duro de um candidato que, até agora, vinha tendo vida fácil nas pesquisas.
Metodologia
A pesquisa contou com 2.218 respondentes entre 17 e 22 de setembro de 2024, com registro SP-03546/2024 no TSE. Os dados foram coletados via web com a metodologia proprietária RDR da AtlasIntel. A margem de erro é de ± 2p.p. com um nível de confiança de 95%.